sexta-feira, 4 de novembro de 2011

sei que o teu mundo
é povoado de pesadelos

- o meu também -

fixo a escuridão do quarto
à procura de confirmação

e assim fico
a admirar a beleza
e a mansetude do horrendo

na perpetuação
de tempos antigos nunca extintos

terça-feira, 1 de novembro de 2011

ao diante
o choro de um ninho de larvas
ruidosas na minha absorta autofagia

não choro com elas
mas a contemplação faz-me vir à tona


[à tona de quê

começar o poema com a fúria
de saber o mundo aniquilando-o

porém o início é sempre o
da desconfiança das palavras

instrumentos que oscilam
entre árias e vozes guturais

instrumentos de desconhecimento
onde não surjo nem me denuncio

onde não me descubro
por mais que sejam desmembradas as letras
com as interpretações profanadas

foda-se - à tona de quê]


atrás
o choro de mil larvas senis
liquidadas na minha perene autofagia

de que serve chorar com elas
a contemplação não me faz vir à tona

terça-feira, 25 de outubro de 2011

como o homem sigilo
risquei um clarão no firmamento
- de tão opaco
[do levante ao poente]
gravou uma cicatriz no solo

assim o homem esquivo
cravei a trincheira no chão coalhado
- a erupção estancada
[do poente ao levante]
da vulva ressequida

sexta-feira, 16 de setembro de 2011