não sei já o que pensar
– para saber necessita a mente de esquecer
e os espasmos eléctricos
percorrem – de pés nus –
caminhos de calhaus miúdos
ou asfaltos onde irrompem as feiteiras
deixo o saber e aposto a vida
em decalcar os contornos das coisas
e em registar – em conceber – os negativos da realidade enevoada
– ou seja – o tudo de nada
mas
a inutilidade – como a verdade ou a feiteira – não se verga
a inutilidade – como a verdade ou a pedra – não se quebra
deixo a vida e aposto a arte
– em tudo o que analiso ou vejo
contemplo apenas a lenta contradição de mim – lento
num saco bojudo – inchado
entra o mundo ruidoso – enrugado
e dele saem as minhas ideias
– ou seja – o nada de tudo
[2004; 2015]
– para saber necessita a mente de esquecer
e os espasmos eléctricos
percorrem – de pés nus –
caminhos de calhaus miúdos
ou asfaltos onde irrompem as feiteiras
deixo o saber e aposto a vida
em decalcar os contornos das coisas
e em registar – em conceber – os negativos da realidade enevoada
– ou seja – o tudo de nada
mas
a inutilidade – como a verdade ou a feiteira – não se verga
a inutilidade – como a verdade ou a pedra – não se quebra
deixo a vida e aposto a arte
– em tudo o que analiso ou vejo
contemplo apenas a lenta contradição de mim – lento
num saco bojudo – inchado
entra o mundo ruidoso – enrugado
e dele saem as minhas ideias
– ou seja – o nada de tudo
[2004; 2015]