ao diante
o choro de um ninho de larvas
ruidosas na minha absorta autofagia
não choro com elas
mas a contemplação faz-me vir à tona
[à tona de quê
começar o poema com a fúria
de saber o mundo aniquilando-o
porém o início é sempre o
da desconfiança das palavras
instrumentos que oscilam
entre árias e vozes guturais
instrumentos de desconhecimento
onde não surjo nem me denuncio
onde não me descubro
por mais que sejam desmembradas as letras
com as interpretações profanadas
foda-se - à tona de quê]
atrás
o choro de mil larvas senis
liquidadas na minha perene autofagia
de que serve chorar com elas
a contemplação não me faz vir à tona
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